Parceria fortalece brigadas indígenas, valoriza conhecimentos tradicionais e amplia o protagonismo feminino na defesa da Terra Indígena Caru (MA), reconhecida internacionalmente por seu trabalho.
Com o apoio do Projeto Floresta+ Amazônia, na modalidade Comunidades, e em parceria com a Associação Wirazu e Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), as Guerreiras da Floresta ampliam sua capacidade de proteger a Terra Indígena Caru e territórios vizinhos no Maranhão.
A iniciativa “Prevenção e combate ao fogo: Produção e troca de conhecimentos entre brigadas indígenas” fortalece a atuação de mulheres e jovens nas brigadas de prevenção e combate a incêndios, une saberes tradicionais e tecnologias como drones e GPS, e contribui para a recuperação de áreas degradadas.

O projeto beneficia diretamente os povos Guajajara e Awá, alcançando comunidades como Maçaranduba, Nova Samyã, Tiracambu, Awá e Areia Branca, além de inspirar ações em outras Terras Indígenas — Pindaré, Krikati, Governador, Arariboia, Porquinhos, Geralda Toco Preto, Canabrava, Escalvado, Apinajé, Krahô e Xerente.
Origem – O coletivo nasceu em 2014, quando mulheres Guajajara decidiram atuar lado a lado com os Guardiões da Floresta para proteger os 172,6 mil hectares da TI Caru, área constantemente ameaçada por desmatamento e atividades ilegais.
O trabalho começou com o Conselho de Mulheres, mediando diálogos com comunidades vizinhas, e evoluiu para o coletivo Guerreiras da Floresta, que hoje alia vigilância, monitoramento e ações socioeducativas.
Além de monitorar a floresta e denunciar crimes ambientais, as Guerreiras realizam visitas a comunidades do entorno para sensibilizar sobre a importância da conservação ambiental e apresentar as culturas indígenas, fortalecendo o entendimento sobre o papel vital desses territórios para o equilíbrio climático.
“Para a gente, esse papel de ser mulher, ser jovem, e estar fazendo a preservação e conservação dos nossos territórios é de suma importância, a gente é um coletivo de 42 mulheres que está sempre na luta com as outras organizações que existe aqui dentro do nosso território, que são os Guardiões da Floresta, a Brigada da Terra Indígena Caru e a Juventude. E esse projeto, Guerreiras da Floresta, deixa a gente muito feliz de fazer parte, porque ele é muito importante para nos ajudar a contribuir ainda mais com a preservação dos nossos territórios. Através de nossas palestras e da sensibilização a gente consegue conscientizar a população não indígena, do quanto é importante preservar os territórios, não só para a gente, enquanto povos indígenas, mas para toda a humanidade”, explica Poliana Moreira Guajajara, da aldeia Maçaramduba, Terra indígena Caru, no interior Maranhão, e integrante do coletivo de mulheres indígenas Guerreiras da Floresta.

Reconhecimento que ultrapassa fronteiras
O impacto do trabalho, potencializado pelo apoio do Floresta+ Amazônia, já ganhou visibilidade global. As Guerreiras foram destaque em um dos principais telões de Londres com a série “Guardians” , produzida pelo Príncipe William e pela The Royal Foundation.
No episódio, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, reforçou o papel dos povos originários na conservação.“A humanidade precisa entender o papel dos povos indígenas e de seus territórios na proteção da biodiversidade e no equilíbrio climático”, ressaltou. O próprio Príncipe William destacou a relevância dessa atuação. “Proteger nosso mundo natural tornou-se um dos trabalhos mais perigosos do planeta. São os heróis desconhecidos — os verdadeiros Guardiões do mundo natural, defendendo a natureza e o futuro do planeta para todos nós”, enfatizou o príncipe.
Mais que proteção territorial
A luta das Guerreiras é também pela valorização e ocupação de espaços de decisão por mulheres indígenas. Elas estão presentes nas aldeias, nas comunidades e em instâncias regionais e estaduais, como na Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), que tem como integrante Marcilene Liana Guajajara, e a Secretaria Estadual dos Povos Indígenas, ocupada como titular da pasta Rosilene Guajajara de Sousa.

“O fortalecimento das mulheres indígenas é fundamental para a proteção da Amazônia e para a valorização da sociobiodiversidade. Apoiar iniciativas como a das Guerreiras da Floresta significa unir saberes tradicionais e tecnologias, ampliando a capacidade de resposta às mudanças climáticas e garantindo que comunidades indígenas tenham mais voz e protagonismo na gestão de seus territórios”, ressaltou a analista do Floresta+, Taiana Ramidoff.As pautas do movimento dessas mulheres são diversas, inclui temas como educação, saúde, cultura, segurança alimentar, combate à violência contra as mulheres e direitos das juventudes e crianças. Ao capacitar jovens e envolver crianças indígenas e não indígenas nas ações, constroem um legado de aliados para a conservação da floresta e o fortalecimento dos seus territórios.
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