
Cuidar da Amazônia não tem idade. É algo que poderia ser regra, desde logo cedo, na infância. Assim, como ensina e faz os povos indígenas e as comunidades tradicionais. Aos 90 anos, o agricultor Egydio Schwade, residente na zona rural do município de Presidente Figueiredo, no Amazonas, é referência por sua lida na conservação e nos direitos junto aos povos do campo, das águas e da floresta.
Além de agricultor familiar, seu Egydio é teólogo e professor. Atualmente, é um dos mais de 5 mil beneficiários na Amazônia Legal apoiado pela Modalidade Conservação do Projeto Floresta+ Amazônia com Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Tornou-se exemplo por manter a vegetação nativa conservada em sua propriedade, conjuntamente com sua família.
Não é de hoje que seu Egydio sabe a importância da conservação das florestas e dos povos que a protegem, principalmente indígenas e pequenos agricultores. Desde 1980, quando chegou ao Amazonas, como professor, é conhecido em Presidente Figueiredo e no Amazonas, pelo trabalho de valorização da agricultura familiar e pela conservação da floresta.

Casado com Teresinha Webe, também agricultora. Pai de cinco filhos e sete netos. Há 45 anos ele vive na propriedade rural e faz questão de declarar que todo esse tempo conserva e mantém a floresta em pé, a partir da sua casa e da sua área rural.
“Estou profundamente feliz por fazer parte do Projeto Floresta+ Amazônia e, principalmente, o que projeto promove para o futuro do meio ambiente, da Amazônia. O Projeto Floresta+ nos mostra que a floresta viva tem valor, que cuidar dela é também cuidar da nossa vida e das próximas gerações. Ele abre os olhos dos agricultores familiares para enxergar que preservar é também prosperar, é promover geração de renda”, contou orgulhoso.

De tudo um pouco seu Egydio planta e cultiva na sua propriedade rural, com o trabalho da esposa e dos filhos. Do trivial, como milho e feijão, até hortaliças e fruteiras – como abacaxi. Ainda se dedica fortemente à produção de mel, por meio da apicultura.
“A riqueza da floresta está na copa das arvores, nas flores, nos frutos e toda a riqueza que alimenta os seres humanos e os outros animais. Isso acontece com o tucumã, por exemplo, os macacos sobem, tiram o fruto e jogam lá de cima para alimentar a cutia, que não consegue subir. Esse é um equilíbrio que só a conservação pode garantir”, destacou ele, que é um defensor da agroecologia e foi um dos colaboradores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais no Amazonas.

Não é de hoje que seu Egydio sabe a importância da preservação da Amazônia e dos povos que a protegem, principalmente indígenas e agricultores familiares. Desde 1980, quando chegou ao Amazonas, como professor, é conhecido em Presidente Figueiredo e no Amazonas, pelo trabalho de valorização da agricultura familiar agroecológica e pela conservação da floresta em pé.

Casa da Cultura do Urubuí preserva memória indígena e cultural em Presidente Figueiredo (AM)
Fundada em 1992 por Egydio Schwade, a Casa da Cultura do Urubuí (CACUÍ), em sua área rural em Presidente Figueiredo – AM, é um dos mais importantes espaços de preservação da memória histórica e cultural da região. Criada como um centro de pesquisa, convivência e resistência, a instituição abriga o único arquivo de etno-história ligado ao povo Waimiri-Atroari, reunindo registros, desenhos, documentos e relatos que testemunham a trajetória e os desafios enfrentados por esse povo indígena.

Mais do que um espaço de guarda de acervos, a Casa da Cultura do Urubuí se consolidou como referência em educação e conscientização. O local promove oficinas, encontros, exposições e atividades formativas sobre agroecologia, meliponicultura, culturas tradicionais e preservação ambiental, além de estimular reflexões sobre a história e a identidade amazônica. Ao longo dos anos, tornou-se também um espaço de resistência, dando visibilidade a episódios silenciados da história regional, como as violências cometidas contra povos indígenas durante a construção da BR-174 e no período da ditadura militar.
Assim, a CACUÍ se mantém como um espaço vivo, que conecta passado e presente, e reafirma o papel da cultura, da memória e da luta indígena na construção de uma Amazônia mais justa e consciente.
Trajetória e militância – Seu Edydio é filho de imigrantes alemães, graduado em Filosofia e Teologia. Teve sua primeira experiência com povos indígenas em 1963, no Mato Grosso. Inspirado pelo Concílio Vaticano II, fundou em 1969, junto com Thomaz de Aquino Lisboa, a Operação Anchieta (Opan), voltada ao trabalho missionário inculturado, e foi um dos fundadores do CIMI (1972), onde atuou como primeiro secretário executivo. Participou da redação do documento Y-Juca-Pirama (1973), denunciando violações contra indígenas, e ajudou a fundar a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em 1975.
Em 1983, atuou junto ao povo Waimiri-Atroari no Amazonas, criando em 1983 o MAREWA. Denunciou o genocídio indígena no 4º Tribunal Russell (1980) e coordenou projetos de alfabetização indígena pelo método Paulo Freire, o que levou à sua expulsão da área na ditadura militar. Na década de 1980, engajou-se na fundação do Partido dos Trabalhadores no Amazonas e disputou cargos políticos. Em 1992, criou a Casa da Cultura Urubuí (CACUÍ), em Presidente Figueiredo, dedicada à memória dos Waimiri-Atroari, à agricultura familiar e à agroecologia. Também atuou no Comitê Estadual da Verdade do Amazonas, denunciando massacres da ditadura.

Reconhecido como referência no indigenismo e na defesa dos direitos humanos, Schwade recebeu o título de Cidadão do Amazonas (2015) e o título de Doutor Honoris Causa pela Unimontes (2023).
Fotos: Acervo Pessoal
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