
Quando um empreendedor ou empreendedora ingressa em um programa de inovação, um de seus objetivos é encontrar oportunidade de tornar realidade a sua ideia a ponto de fazer diferença para a sociedade e tornar-se um negócio rentável e duradouro. Era essa a chance que os estudantes Lucas Miranda, Catarina Isabor, Ellen Lleno de Sousa e Diogo Sá procuravam quando participaram do Programa de Ideação do Projeto Floresta+ Amazônia em fevereiro 2023.
Foi naquele durante um final de semana em Santarém, no Oeste do Pará, quando participaram do Programa de Ideação, que os quatro jovens cheios de sonhos e ideias se uniram e idealizaram a Biostrepto, uma startup Deep Tech*. O que era um projeto de negócio agora é uma realidade. A iniciativa transforma resíduos de processamento de produtos amazônicos em insumos sustentáveis para outras cadeias produtivas na região de Santarém.

Mais de dois anos depois, a startup já pode ser considerada um dos cases de sucesso da modalidade Inovação do Floresta+ Amazônia. A modalidade tem como objetivo fomentar soluções inovadoras que contribuem para a consolidação de um mercado de serviços ambientais, a promoção da conservação e do uso sustentável da vegetação nativa, além da geração de renda.
Um dos sócios da Biostrepto, Lucas Gabriel Santos, conta que chegou ao evento de Ideação do Floresta+ apenas com algumas ideias. Foram os ensinamentos transmitidos durante a mentoria que estruturaram o que, naquele mesmo final de semana, nasceria a empresa. “O Programa Ideação do Projeto Floresta+ Amazônia mudou nossa vida. Foi o coração da nossa criação”, disse ele, lembrando que, além do aprendizado, saiu da mentoria com os sócios que seguem na Biostrepto até hoje. “A gente se conhecia de longe, mas nos aproximamos durante o final de semana da mentoria do Floresta+”, completou.

Para o assessor técnico do Floresta+ Amazônia, Giuliano Guimarães, o objetivo dos programas da Modalidade Inovação do Floresta+, como Ideação, Originação, Incubação e Aceleração, é que as soluções inovadoras em bioeconomia na Amazônia se enxerguem como potenciais empreendimentos, ganhem maturidade e escala, como novos mercados. “A gente vê esse avanço da Biostrepto com muita alegria. É uma semente que ajudamos a plantar e que se desenvolveu. O sucesso deles nos mostra que estamos no caminho certo”, ressaltou.
O caminho que a empresa de Santarém está trilhando aponta para um futuro cada vez mais promissor. Após o pontapé inicial, eles participaram de outros programas de fomento e conseguiram o primeiro capital semente da empresa, de R$ 70 mil, recurso que continua crescendo com outros editais e iniciativas e abre perspectivas para os jovens biotecnologistas.
A Biostrepto também está sendo incubada na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), que este ano ganhou uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), onde também a empresa está inserida. O negócio ainda contribuí para o fortalecimento da Rede de Inovação em Bioeconomia do Baixo Amazonas (Ribba).

A Ribba é um movimento dinâmico composto por empreendedores, pesquisadores, startups, instituições públicas e privadas, além de centros de pesquisa, entre eles estão a UFOPA e o Instituto Federal do Pará (IFPA). A Rede foi criada em 2023 em Santarém como parte das iniciativas do Polo Sebrae de Referência em Bioeconomia.
O professor da UFOPA e um dos líderes da Ribba, Nei Oliveira, explica que a Rede é um movimento autônomo e tem como propósito mobilizar e fortalecer o ecossistema de inovação em bioeconomia da região. Para ele, iniciativas como os programas de Inovação do Floresta+ Amazônia trazem dinâmica para o cenário de inovação e bioeconomia. “Atualmente, há empresas que fazem parte da rede que também estão participando dos programas do Floresta+. Isso é sempre muito positivo e traz como resultado maior dinâmica ao ecossistema”, afirmou Nei, que é também doutor em Computação e coordenador-adjunto do Mestrado Profissional em Inovação, da UFOPA.
O que o professor conta é seguido com excelência pela Biostrepto. Com a rede e a supervisão técnica no laboratório da Universidade, conseguem testar o produto que é o carro-chefe da Biostrepto: um tensoativo sustentável (usado para produzir espuma em sabonetes, shampoos e outros) a partir do aproveitamento da manipueira – um subproduto da indústria da mandioca após a prensagem para produção de farinha de mesa. “Nós estamos fazendo também um trabalho de estruturação da cadeia e queremos treinar os produtores de farinha”, explicou Lucas Miranda.
Assim, a Biostrepto e outras empresas que passarem pelas mentorias e capacitação dos programas de inovação da Floresta+ Amazônia vão contribuir com todo o ecossistema de inovação, tecnologia e sustentabilidade. “A articulação e parceria são o cerne da inovação na Amazônia. O estímulo à bioeconomia da região não deve ser apenas em nível individual’, é preciso fomentar um território, um coletivo de ideias, um ecossistema de negócios”, enfatizou Giuliano Guimarães.
Este ano, mais 36 empreendimentos em diferentes níveis de maturidade estão participando dos programas de inovação do Floresta+, nas regiões do Baixo Amazônia e do Xingu. São soluções inovadoras da Amazônia que passarão por capacitações, mentorias e participação em rodadas de negócios, encontro com investidores, entre outras oportunidades.
Sobre o Projeto Floresta+ Amazônia – O Floresta+ Amazônia é uma iniciativa de cooperação internacional liderada pelo Governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o PNUD e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), com financiamento do Fundo Verde para o Clima (GCF).
*Uma startup Deep Tech é uma empresa que se baseia em pesquisa científica ou tecnológica, exploram tecnologia complexa, muitas vezes originada da pesquisa científica. Fonte: Portal Sebrae.
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