A jornada durou seis meses e incluiu webinares, mentorias individuais e encontros presenciais
Foto: Rodrigo Duarte
O Programa Floresta+ Aceleração, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), concluiu sua primeira edição. O encerramento da jornada aconteceu entre os dias 26 e 28 de julho, em Alter do Chão, no Pará.
O encontro, último de três que reuniram empreendedores e empreendedoras dos seis negócios acelerados – Amazônia Bee, Atlas Agroflorestal, Cacauaré, Deveras Amazônia, MOMA e Passyflora -, foi o fechamento de um ciclo que trouxe muito aprendizado e crescimento aos empreendedores. “É muito impressionante chegar no último encontro e ver o quanto os negócios evoluíram. Eles fizeram conexões, criaram redes e o resultado foi muito positivo”, avalia Vitoria Faoro, do PNUD.
A jornada, que se iniciou no processo de pré-aceleração, em dezembro de 2022, ofereceu ferramentas, mentorias e conexões, incentivando os empreendedores a olhar para seus negócios pelo foco do Modelo C, que visa uma aproximação conjunta de organização do negócio e impacto.
“A gente municiou os negócios com instrumentos para que eles possam desenvolver modelos de negócio viáveis, que ao mesmo tempo gerem renda para as empresas, mas também melhorem as condições de vida das comunidades a partir da riqueza da floresta, por uma perspectiva que mantenha ela em pé”, destaca Antônio Sanches, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Para Valéria Moura, da Deveras Amazônia, o programa foi fundamental para acelerar a resolução de problemas e ajudar o negócio a chegar mais rápido aonde quer. “Com a entrada no programa, a gente conseguiu ter um apoio maior de conhecimento, direcionar quais problemas temos e quais vamos atacar. Tudo isso de forma muito mais rápida do que se estivesse sozinha”, conta.
Já para Patricia Pahl, da Passyflora Projetos Agro Sustentáveis, a aceleração trouxe novas visões: “durante essa jornada, a gente conseguiu identificar novas oportunidades para o desenvolvimento do nosso negócio, e estamos refinando a nossa solução para atender essas necessidades do mercado.”
As atividades do processo de aceleração abordaram temas como capacidade organizacional, operações, liderança, equipe e muitos outros. Eduardo Sugawara, da Sense-Lab, acredita que um aspecto diferencial do programa foi a gestão financeira. “Trabalhamos com modelos financeiros e eles estão instrumentalizados com planilhas, o que vai ser muito útil para olharem para frente, fazerem projeções e conseguirem investimentos. Os negócios estão muito mais preparados para ver de fato o tamanho do sonho que eles querem”, diz.
Outro ponto destacado por ele diz respeito à questão do impacto: “A gente conseguiu tornar o impacto, que era uma coisa meio intangível, em definições de para quem, o que o negócio quer gerar e como monitorar”, explica Eduardo.
A conexão com outros empreendedores que já passaram por processos de aceleração foi também um ponto destacado como positivo pelos empreendedores, como destaca Elder Rodrigues, da ATLAS Florestal: “O maior valor que tivemos durante esse programa foram as conexões com diversos profissionais que nos orientaram, com empreendedores locais e com o território, por meio dos encontros presenciais, dos estudos apresentados e de cases de sucesso de empreendedores da amazônia.”
Construiu-se, ao longo dos meses de aceleração, um ambiente acolhedor e propício à troca de experiências, aprendizados, desafios e dores, que se mostrou importante para o crescimento e fortalecimento dos negócios a partir da inteligência coletiva.
Para Vivian Chun, da MOMA Natural, as conexões também foram o ponto alto da aceleração. “Me senti pertencente a um ecossistema de outros negócios, instituições e pessoas que querem o mesmo que eu. Saio mais fortalecida, porque a nova economia é em rede e isso é de um valor inestimável para a gente seguir, continuar, captar mais apoio, força, recursos e pessoas para realizar esse sonho maior”, destaca.
Questões relativas a acesso a mercados e os diferenciais em relação a outros produtos e serviços também foram abordados ao longo da aceleração, como também momentos para trabalhar narrativas de impacto. “O que eu vou levar de toda essa experiência é a perseverança! Empreender sendo mulher nortista é muito desafiador, mas tem que perseverar, se posicionar no mercado e levar seus valores para os clientes”, destaca Noanny Maia, da Cacauaré Cacau Nativo da Amazônia.
No último encontro presencial, os negócios também apresentaram seus pitches para uma banca avaliadora. “A diferença do pitch do começo para o final é muito grande, e acho isso muito lindo, porque o pitch é uma vitrine. Se a forma como você vende seu negócio está bem é porque teve uma evolução no nível de maturidade e apropriação para falar desse assunto”, avalia Gabriella Abdalla, que coordena a execução do projeto pela AMAZ e pelo Idesam.
Para a Amazônia Bee, a decisão de se tornar uma spin-off da Emazon, consultoria agroflorestal da qual partiu a ideia do negócio, se deu ao longo do processo de aceleração, a partir de trocas com outros negócios e assessorias. “Contar melhor a nossa narrativa de impacto e mostrar nosso valor com confiança para investidores foram grandes aprendizados que o programa trouxe para a gente”, analisa Neide Magalhães, da Amazônia Bee.
Os negócios se preparam agora para novos passos, com a casa organizada e mirando a captação de investimentos. “O Programa está se encerrando, mas a jornada dos empreendedores continua. Eles estão mais maduros e entenderam que existe um ecossistema para ampará-los. Agora, a gente fica na torcida para que eles prosperem e gerem todo esse impacto que, afinal de contas, é para o mundo, para todos nós”, destaca Eduardo Sugawara, da Sense-Lab.
Sobre o Programa de Aceleração – Faz parte da Modalidade Inovação do Projeto Floresta+ Amazônia, promovido pelo MMA e PNUD com apoio do Green Climate Fund (GCF). A iniciativa tem como parceiros executores o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), AMAZ aceleradora de impacto e Sense-Lab.
O Projeto busca recompensar quem protege e recupera a floresta e contribui para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Até 2026, reconhecerá o trabalho de pequenos produtores rurais, apoiará projetos de povos indígenas e comunidades tradicionais, fortalecerá a estratégia nacional de REDD+ e apoiará empreendimentos de impacto que dialoguem com o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.
É o primeiro projeto a receber recursos do GCF como recompensa pela redução das emissões de gases de efeito estufa e a executar o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) nessa escala. Uma resposta urgente e inovadora para manter a floresta em pé e combater a mudança global do clima.
Conheça os negócios acelerados
Todos os negócios acelerados pelo Projeto Floresta+ Inovação Aceleração possuem atuação na Amazônia ou potencial de atuação nos próximos seis meses. Saiba mais sobre eles:
Amazônia Bee (Manaus – AM): Produz e comercializa alimentos, biocosméticos e fitoterápicos oriundos da Meliponicultura, e também presta serviços de consultoria e assessoria em cadeias produtivas da sociobiodiversidade.
ATLAS Florestal (São Paulo – SP): Empresa de restauração florestal produtiva. Planejam, modelam, implementam e monitoram florestas produtivas, com um conselho técnico multidisciplinar capaz de desenvolver ações regenerativas e personalizadas.
Cacauaré Cacau Nativo da Amazônia (Mocajuba – PA): Empresa de mulheres que maneja e extrai cacau nativo da Amazônia para beneficiamento em amêndoas para chocolate fino e outros subprodutos de cacau, como mel de cacau, geleias, capilés, doces, nibs e barras.
Deveras Amazônia (Santarém – PA): Trabalha com a comercialização de produtos alimentícios, como geleias e conservas, baseados em pesquisas científicas de espécies da região amazônica.
MOMA Natural (São Paulo – SP): Produz e vende cosméticos naturais artesanais, como shampoos, condicionadores, sabonetes faciais e corporais. São produtos de consumo consciente, de origem nacional e sustentável, com matéria-prima oriunda da sociobiodiversidade da Amazônia. Passyflora Projetos Agro Sustentáveis (Rio Branco – AC): Implementação de boas práticas nas atividades florestais e agropecuárias, alinhando produtividade e sustentabilidade. Atua na estruturação de cadeias produtivas da bioeconomia e na implementação de boas práticas para produção agropecuária.