O pirarucu é um dos símbolos da Amazônia. O gigante de água doce pode atingir até 4,5 metros de comprimento e pesar 200 quilos, já esteve ameaçado de extinção pela pesca predatória, mas isso faz parte do passado. Nos últimos anos, novas práticas de manejo criaram um ambiente favorável ao peixe, que viu sua população crescer em áreas destinadas à conservação. Com o apoio do Floresta+ Amazônia, a tendência é que esses números cresçam ainda mais.
A gente está falando em ações estratégicas lançadas pela Federação dos Manejadores e Manejadoras de Pirarucu de Mamirauá (Femapam), com assessoria do Instituto Mamirauá, entidade beneficiada pela Modalidade Comunidades do projeto financiado pelo Fundo Verde para o Clima (GCF), numa parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A experiência ocorre na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – a primeira do Brasil -, no Amazonas, beneficiando 1.300 famílias, 8 territórios e 45 coletivos de manejo de pirarucu em 9 municípios. O projeto tem duração de 24 meses e busca agregar valor ao pirarucu manejado, expandir o acesso a novos mercados e conquistar consumidores que valorizam produtos com impacto ambiental e social positivo.
Iniciado em 1999 e atendendo a uma demanda das próprias comunidades ribeirinhas, o manejo do pirarucu é considerado um dos grandes sucessos na conservação da biodiversidade no Brasil. A metodologia envolve a contagem dos estoques de peixes, a proteção das áreas de reprodução, o estabelecimento do tamanho mínimo do peixe permitido para a pesca e a quantidade máxima a ser pescada pela comunidade – não mais do que 30% da população de pirarucus adultos. A cota deve ser anualmente aprovada pelo Ibama.
O combo sustentabilidade e gênero é um dos pilares do Floresta+. E isso é ressaltado por uma das manejadoras, Cleissiane Souza da Silva, que participa das ações do projeto por parte da Femapam. “A questão da representatividade é super importante para que as políticas públicas, sejam de saúde, sejam de outra área, cheguem até o nosso território. Ainda mais para que nós, mulheres manejadoras, possamos ter uma qualidade de vida melhor no nosso território”, destaca ela.
Um ponto interessante a ser destacado é a obtenção pela Femapam, em 2021, da Indicação Geográfica (IG) para o pirarucu pescado na reserva. A IG é um selo concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual para produtos que têm qualidade e reputação únicas devido à sua origem geográfica. “O selo é essencial porque ele é voltado à identidade do nosso grupo e à valorização da qualidade da produção, onde a gente agrega valor e consegue vender o produto por um preço melhor. E, também ressaltar a igualdade de gênero, já que o nosso trabalho é desempenhado tanto por homens quanto por mulheres. Nós fazemos o trabalho em conjunto: não tem esse negócio de ‘mulher faz isso’, ‘homem faz aquilo’, explicou Cleissiane.
No segundo ano seguido de seca extrema, a parceria Femapam, Instituto Mamirauá e Floresta+ Amazônia chegou na hora certa. “Com o apoio de projetos como o Floresta+ Amazônia, conseguimos fortalecer as ações que buscam soluções para os novos desafios que surgem a cada momento, como as secas severas e outros eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas. E seguimos fortalecendo a cadeia produtiva do pirarucu e de outros produtos da biodiversidade, tornando-as mais robustas e resilientes, garantindo benefícios para os manejadores locais, incluindo mulheres e jovens”, enfatizou diretor-geral do Instituto Mamirauá, José Valsecchi.
A coordenadora do Programa de Manejo de pesca do Instituto, Ana Cláudia Torres, destacou a importância da parceria do Projeto Floresta+ Amazônia para a organização e para os territórios. “Em 2024, enfrentamos novamente uma nova seca, mas estamos fortalecidos por uma organização robusta e por grandes parceiros, como no caso do projeto Floresta + Amazônia”, ressaltou.
No geral, a Modalidade Comunidades do Projeto Floresta+ Amazônia está investindo aproximadamente R$ 33 milhões somando um total de 40 projetos em territórios amazônicos, voltado às comunidades tradicionais e povos indígenas. No estado do Amazonas, estão sendo apoiadas 19 iniciativas.
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