A cadeia produtiva da castanha-da-amazônia foi o foco de um curso realizado pelo povo Paiter Suruí, na Aldeia Gapgir, localizada na Terra Indígena Sete de Setembro, no município de Cacoal, em Rondônia, em setembro deste ano. O primeiro módulo da atividade foi de Boas Práticas no Manejo da Castanha-da-Amazônia foi realizado pela Associação Gap Ey e pela organização Ecoporé, no âmbito do projeto “Memórias e Ações: Construindo e Fortalecendo a Cadeia da Castanha-da-Amazônia Mãhp gahp”. A iniciativa recebe o apoio do Projeto Floresta Amazônia, por meio da Modalidade Comunidades.
O projeto faz parte das 40 iniciativas apoiadas pela Modalidade Comunidades. Além da formação sobre boas práticas, inclui outras atividades, como georreferenciamento e mapeamento de castanhais. Até agora foram mapeados 627 hectares de castanhais na Terra Indígena Sete de Setembro, 25% a mais do previsto inicialmente, ao longo de 10 incursões pela floresta.
Durante esse primeiro módulo do curso, foram abordados temas como a ecologia da castanha, seu porte, polinização, floração e frutificação. Polinizada por abelhas de grande porte, a árvore da castanha-da-amazônia ocorre no bioma Amazônia, distribuído por Brasil, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Para a analista socioambiental da Ecoporé e instrutora da atividade, Joana Gomes, o curso é muito importante, pois garante qualidade do produto, sobretudo fitossanitária reduzindo o risco de contaminação por aflatoxina (uma micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillusi). “Esse risco está presente desde a base, desde a castanha presente lá na floresta, como também nas demais etapas da cadeia, como na parte do beneficiamento, do transporte, do armazenamento”, explica.
O repasse de técnicas para reduzir não apenas a contaminação, mas também para garantir a continuidade da produção dos castanhais é essencial, na visão de Joana Gomes: “Tudo isso é feito conciliando também com o conhecimento tradicional dos Paiter Suruí dentro do território. Cada local, cada aldeia, cada comunidade traz o seu conhecimento, sua forma de coletar, para a melhoria de produção da castanha da Amazônia”.
Já para os indígenas extrativistas, como a liderança Robson Suruí, que participou do curso, o tamanho e a quantidade de amêndoas, assim como a facilidade para abrir o ouriço são características primordiais para a qualidade do produto final. “A melhor castanheira é aquela que tem mais castanhas e que tem o ouriço maior. Quanto maior for o ouriço, fica mais fácil de abrir”, enfatizou Robson.
FLORESTA+ – O Projeto Floresta+ Amazônia é uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio do Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund – GCF). Até 2026, serão investidos 96 milhões de dólares nos estados amazônicos, por meio de ações e incentivos financeiros, com pagamentos por serviços ambientais e a execução de projetos que beneficiarão diretamente as comunidades locais.
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